"Jesus era afinal 100% Judeu ou não?"
Este texto teve a sua origem, primeiramente como resposta por mim dada a alguém que me colocou a seguinte questão: "Jesus era afinal 100% Judeu ou não?!"; após eu ter publicado um pensamento na minha página de autor no facebook. A principio a resposta lá dada, tinha sido bastante simples, tendo eu somente transcrito o texto do Evangelho Segundo João, no capítulo 18, versos 35 e 26; mas após maior reflexão, decidi dar uma resposta mais completa e igualmente baseada no que Jesus disse acerca d´Ele mesmo, segundo O Espírito da Graça n' O Evangelho de Deus por Jesus O Messias (Cristo).
O QUE DIZ A BÍBLIA E JESUS A RESPEITO DE SI MESMO?
Se Jesus não se considerava Judeu, e Ele é Deus feito Homem (João 1:14) então, Jesus não era Judeu. Onde é que Ele diz no Evangelho, que não se considerava da pátria ou nacionalidade/reino judaica(o? Leiamos João 18:35, 36: "Pilatos respondeu-lhe: Porventura sou eu judeu? A tua nação e os principais dos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste tu para isto ter acontecido? E Jesus respondeu-lhe: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui."
É verdade que Jesus nasceu no território da Judeia, território este ocupado pelo Império Romano. No mesmo Evangelho Segundo o apóstolo João, no capitulo 1 verso 11, relata que Jesus "...veio para o que era seu, e os seus não O receberam." Por exemplo este verso, é um dos quais mal interpreta qual a origem (de onde veio) e qual destino de Jesus (para quem veio). O estudioso e leitor mais atento dos Evangelhos (Os Livros Segundo Mateus, Marcos, João e Lucas), poderá ver claramente que todo o primeiro capítulo do Evangelho Segundo João, descreve a vinda de Jesus numa perspectiva e lógica Global - de todos para todos; usando-se o Seu discípulo de quatro expressões ou termos, que indicam a abrangência da Sua Divina Universalidade Cósmica relativa à Sua identidade e origem, tendo Ele sido descrito, como:
- "Todas as coisas foram feitas por ele..." João 1:3;
- "Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens." João 1:4;
- "Ali (naquele tempo e espaço) estava a luz verdadeira (Jesus), que ilumina a todo o homem que vem ao mundo." João 1:9;
- "Estava no mundo e o mundo foi feito por Ele, mas o mundo não o conheceu." João 1:10
Vejamos a profecia que Deus deu a Miqueias - "E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade." Miquéias 5:2; Ora se de Judá sairá O que governará em Israel (Jesus O Messias, sobre o Israel espiritual - Corpo de Cristo, pessoas tornadas filhas do Pai e em paz com Deus), e cujas Suas saídas (caminho e propósitos) são desde os tempos antigos (antes da própria criação), desde os dias da eternidade, então Ele O Messias (Jesus Cristo) já existe desde os dias da eternidade, e esta é mais uma prova que a nacionalidade de Jesus não é Judaica.
Isto também nos diz que o facto da salvação vir dos Judeus (João 4:22), não significa que a Salvação de Deus seja Judaica - assim, seria só para os Judeus e não poderia ser para o Mundo inteiro (João 3:16,17). A Salvação de Deus É Jesus, e o povo Judeu é "apenas" a Sua "catapulta" para a Humanidade. Ou seja, não é importante o "canal" pela qual vem a Salvação, mas sim Aquele que Salva!
"E Jesus lhes disse (aos Fariseus): Como dizem que o Cristo é filho de David? Visto como o mesmo David diz no livro dos Salmos: Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, Até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés. Se David lhe chama Senhor, como é ele seu filho (ou descendente)?!" Lucas 20:41-44
A TRIPLA NACIONALIDADE DE JESUS - SEGUNDO OS ASPECTOS HUMANOS,
A questão da nacionalidade de Jesus, realmente não tem qualquer importância nas questões Espirituais, teológicas ou eclesiásticas. Porquê? Primeiramente, porque Jesus segundo o próprio Evangelho não é natural ou originário da Terra (João 1:1) A sua origem e concepção é divina, espiritual, eterna (Mateus 1:18). Ele foi gerado no ventre de Maria pelo Espírito Santo, logo até em termos genéticos, Jesus só teria em termos Humanos "metade" da génese Judaica. E os antepassados de Jesus, por intermédio de Maria, não eram eles todos Judeus?? Se conseguirmos provar que eram, então Jesus seria 100% Judeu, no que diz respeito à sua linhagem genealógica humana, mas se lermos Mateus 1, onde nos é relatada a genealogia de Jesus (referente à sua mãe Maria e pai adoptivo - José), a resposta lá contida, diz.-nos por exemplo, que até Abraão não era sequer Hebreu. Espantados? Abraão era de Ur dos Caldeus (Génesis 11: 26 a 28); E já agora Raabe, também era natural de Jericó (Josué 2:3).
"E dizia-lhes Jesus: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo." João 8:23
Um outro motivo, pelo qual até Deus transparece querer evidenciar-nos, no que diz respeito à nacionalidade de Jesus, foi ter Ele Deus Pai escolhido o tempo e o espaço na História da Humanidade, em que o Império Romano ocupava o território da Judeia, o que imediatamente também significava, que o mesmo território era de Roma e estava debaixo da Lei de Roma, o que garantia aos cidadãos Judeus a possibilidade de usufruírem dos estatutos de cidadãos de Roma - algo que hoje se compararia a uma dupla nacionalidade. Para credibilizar esta afirmação, saibamos quais os predicados necessários à atribuição de cidadania Romana - algo que em abono da verdade, temos de dizer que nunca vimos no Evangelho Jesus estar focado ou interessado em tal. Mas, para a concessão de cidadania Romana, bastaria estar -se debaixo do simples aspecto de governo político-económico - «...a concessão da cidadania também aos estrangeiros começou a se tornar um problema e uma necessidade no momento no qual Roma deu início à sua fase de expansão, seja territorial como comercial, entrando em contacto com povos que tinham de tolerar a série de privilégios que lhe eram negados. A partir de então, a concessão da cidadania começou a ser também um instrumento de controle político além de ser uma ferramenta de poder.» fonte Wikipedia
Por uma questão, até de lógica e também de justiça, se um cristão ou judeu deseja enfatizar a nacionalidade Judaica de Jesus, pelo facto de Ele ter nascido em território da Judeia, não menos sentido haverá para se dizer, que em termos geopolíticos da época, então Jesus deveria ser considerado como cidadão de Roma/Romano, pelo facto do território onde nasceu estar debaixo do governo do Império Romano. Melhor nem falar da fuga dos seus pais terrestres, para o Egipto. Assim, Jesus ao invés de uma dupla nacionalidade, pelo facto de ter habitado em terras do Nilo durante cerca de 12 anos, também deveria merecer ser reconhecido como um cidadão Egípcio.
Obviamente, que há época estas questões de dupla nacionalidade não se colocavam, pois os mais ortodoxos faziam questão de manter a afirmação da sua origem e nacionalidade. Mas uma coisa, é certa: Jesus nada tinha de ortodoxo, seja em termos religiosos nem como em práticas de sociabilização, que há época foram um escândalo para os "seus" concidadãos Judeus, como aliás, bem sabemos. Não nos esqueçamos, de entre muitos os exemplos possíveis de serem dados, que se Jesus fosse um verdadeiro, pleno e orgulhoso cidadão Judeu, e Ele tivesse o seu interesse nesse factor perene, material e temporário, nunca iria Ele por exemplo:
- Defender que fosse dado a César o que é de César (Mateus 22:21);
- Conversar com uma mulher Samaritana, pois os Judeus não se davam com os Samaritanos (João 4:9 a 30);
- Interagido com o centurião Romano, que lhe pedia socorro para que Ele curasse o seu criado (Lucas 7:1 a 10);
- Preocupado em abençoar os arqui-inimigos dos Judeus; os Cananeus (Marcos 7: 24 a 30).
RESUMINDO,
Com estes e muitos outros exemplos semelhantes, podemos perceber que Jesus veio anunciar-nos o Reino de Paz e Amor do Pai com e para toda a Humanidade, e não para divulgar um qualquer reino terreno daqui, de ali ou além mar. Jesus não se preocupava nem se interessava minimamente, com o facto de ser Judeu, aliás pelas suas respostas aos religiosos judaico e a Pilatos, Ele não se via sequer como tal. Jesus O Filho de Deus, em todos os aspectos, e por direcção e vontade de Deus era e continua a ser um completo «out-of-the-box», seja para os religiosos como para os sionistas e simpatizantes da cultura Judaica.
"...onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração." Jesus relatado no Evangelho Segundo Mateus, capitulo 6 verso 2
Quem se ocupa em defender e promover a cidadania Judaica de Jesus, não percebeu nada do que Ele veio fazer. Mais, com a super-valorização do acessório e do superficial (nacionalidade de Jesus) estamos como que a queimar incenso e a edificar altares a deuses estranhos, idolatrando convicções preconceituosas, completamente inócuas e sem relevância espiritual. Jesus O Evangelho tem uma única identidade, o próprio Reino de Deus do qual Jesus Cristo é O Rei de cujo Governo não é deste Mundo (João 8:23; João 18:36); Logo, quem centrar a sua vida nos aspectos culturais terrenos relativos à descendência humana (a sua própria, inclusive), tentando encontrar satisfação e honra nesses aspectos perenes; corre o sério risco de só ficar com o galardão terreno, ao invés do celestial, por causa da pátria na qual se concentrou em valorizar nesta vida.
Jesus, não assumiu a Sua identidade celeste/divina. Ele já possuía essa identidade celeste/divina antes mesmo de ter nascido Homem; O Messias assumiu sim foi uma vivência (identificação) na carne entre os Homens. Uma coisa é uma coisa, outra é outra. Não confundir «identificação» com identidade ou nacionalidade!
SÍNTESE,
Jesus era totalmente LAICO (obvio, não no sentido moderno do termo), ou já nos esquecemos do que Ele nos ensinou: "Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus." Mateus 22:21?! Mas porque raio é que os religiosos continuam a misturar aquilo que Jesus, Ele próprio separou e desvalorizou - podem vocês perguntar. E resposta a meu ver é clara. Por dois aspectos intimamente inter-relacionados entre si:
- Promoção de Marketing Religioso;
- Busca de reconhecimento social e cultural em termos seculares, desnecessários. A tal busca de glória e honra dos homens, nos aspectos terrenos e materiais; efémeros - Mateus 6:2.
É também por estes e por outros «cruzamentos de espécies» que os fanáticos religiosos teimam em querer juntar o que Deus não uniu (unificação do secular com o espiritual), e as pessoas cada vez mais, se desinteressam e distanciam desse Jesus culturalmente orgulhoso e arrogante, que os religiosos anunciam. Não vos deixeis enganar, pois o ónus de responsabilidade, relacionada com a insistência neste enganos, pela valorização destes aspectos caducos, está mais do lado daqueles que se portam como verdadeiros «porcos» perante as «pérolas de ensino e sabedoria» que Jesus nos deu, para que essas relações promiscuas entre o estado e o divino, não viessem a acontecer!
Em suma, é estrondosamente evidente que Jesus não era 100% Judeu. Jesus é O Filho do Homem nascido em Israel, mais não-judaico que o Mundo conheceu. Percebamos isto de uma vez por todas, e nos concentremos em quem Ele verdadeiramente É, no que nos veio dar (O Amor e Salvação de Deus Pai) e ensinar (amar a Deus acima de todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos); isto sim é o mais importante, que de Jesus podemos saber, conhecer e experimentar!
por Hélder Reis Inocêncio
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